quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

29 de janeiro de 2011

Um sábado quente em Porto Alegre. Eu, seu pai e sua irmã estávamos muito ansiosos pela sua chegada. Também sua bisavó e seu irmão mais velho, que passavam uma temporada conosco no sul e queriam ver o seu nascimento antes de voltarem para o Rio de Janeiro.

O médico tinha dado como data provável do parto, o dia 28 de janeiro, mas nós pensávamos que você viria antes. Minha barriga estava gigante já nas primeiras semanas do ano e acreditávamos que talvez você pudesse vir até o aniversário de seu pai, no dia 21. Mas já estava com 40 semanas completas e você não dava sinais de que queria queria sair de meu ventre. O médico pediu que do dia 28 em diante eu mantivesse contato e que qualquer sintoma eu fosse ao hospital.

Torcia muito para conseguir tê-lo em parto normal, sua irmã nascera de cesárea contra a minha vontade e sonhava com o momento de entrar em trabalho de parto.

Os sintomas naquele sábado de verão não eram diferentes dos de sempre: muito peso, dores nas costas e nas pernas, cólicas intensas. Fomos ao cinema, eu, seu pai, sua irmã e seu irmão e a bisa muito cansada ficou em nossa casa vendo televisão. Ao sairmos do cinema, seu pai pediu para irmos ao hospital vermos como você estava, já que era bem pertinho do cinema. Caminhamos todos até lá, eram apenas três quadras, eu me sentia bem, apenas cansada com o peso e o calor. O excelente atendimento no hospital, depois de alguns momentos de espera, a enfermeira me chamou para a sala ginecológica.  Ela me examinou, aparentemente tudo bem, era só aguardar o médico do plantão para me examinar e liberar. Foi a meia hora mais longa da minha vida. O médico teve que atender um parto de emergência e fiquei ali sozinha naquela sala sentindo-o em meu ventre. Você já e mexia bem pouco por falta de espaço, mas eu adorava sentir a pele esticada da barriga e suas pequenas curvas. Ficava te acariciando e me perguntando como seria seu lindo rostinho. 

Enfim o médico chegou e depois de me encaminhar para alguns exames, me acomodou em uma sala onde monitoravam seus batimntos cardiácos e onde seu pai e seus irmãos puderam ficar junto conosco. Ali ele deu a mágica notícia: você teria que nascer até a manhã seguinte, pois minha bolsa estava perdendo o líquido aminiótico e era perigoso para você continuar em meu ventre. Minha bolsa na verdade não tina estourado e eu não tinha os sintomas do trabalho de parto, mas de alguma forma eu estava perdendo líquido, provavelmente há dias, pelo baixo nível constatado no exame.

A notícia nos pegou de surpresa e senti um misto de alegria e apreensão. Eu ficaria em observação toda a madrugada e caso não entrasse em trabalho de parto, a cesarea seria feita às nove da manhã. Foi uma longa noite ao lado de seu pai, que levou seus irmãos para casa e retornou rapidamente com as bolsas para a maternidade. Eu cochilava e acordava torcendo para ter algum sinal, mas você, meu querido bebê, não queria sair daquele lugar quentinho e protegido. Então, às nove e cinco da manhã do dia 30 de janeiro de 2011, o médico lhe retirou de meu ventre e pudemos ouvir seu choro pela primeira vez, aquele momento milagroso da vida. Seu pai ao meu lado todo o tempo e quando vi seu rostinho pela primeira vez me coração transborou de luz e alegria, um anjinho em nossas vidas, cheio de saúde, uma dádiva divina, um presente, o maior e melhor presente que pode existir na face da terra.

Hoje, meu pequeno príncipe, você está completando dois aninhos e corre pela casa enquanto escrevo estas linhas. Cada dia mais lindo, toda a preguiça de sair da barriga da mamãe você deixou para trás e esbanja saúde e sapequice. Obrigada por você existir e parabéns! Estarei sempre ao seu lado, até o dia em que, ao invés de perder noites de sono para te alimentar, você perderá algum do seu tempo para cuidar de sua velha mãezinha.

Te amo!