sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

domingo, 30 de novembro de 2014

sábado, 11 de outubro de 2014

361 dias depois

Anathema no palco do Paradise Garage
Quando viemos para Portugal, uma das coisas que muito nos animou no país foi a possibilidade de vermos muito mais shows do que no Brasil. Porém, sequer imaginávamos ver o Anathema tão brevemente. Estávamos mesmo 'por fora' sobre a turnê européia da banda e quando um novo amigo português me falou da vinda deles eu acabei agindo com o coração e adquirindo os ingressos no dia seguinte. E exatos 361 dias depois do show inesquecível de São Paulo, onde saímos extasiados com aquela atmosfera que somente o Anathema consegue nos proporcionar, eis que nos encaminhamos ao Paradise Garage em Lisboa, para os vermos novamente.

Em uma semana em que passamos intensos momentos (bons e ruins), aquela oportunidade seria para fechá-la com chave de ouro. Encontrei o Neo na fila do Paradise, pois fui direto de uma (excelente) reunião e estava deveras empolgada com o momento. Depois de alguns instantes na fila, já passando muito das nove, que era o horário marcado nos ingressos, conseguimos finalmente entrar no local e fomos surpreendidos pelo final do concerto dos Mothers Cake, uma banda que eu não conhecia e que muito me chamou a atenção e me agradou com seu som pesado e o baixo bem trabalhado.

A casa estava praticamente lotada e o calor começou a incomodar um bocado. O sistema de ventilação não dava conta e durante o intervalo esperamos sentados no chão, ansiosos pelo show de uma das melhores viagens sonoras da atualidade. Quando a banda dos irmãos Cavanagh subiu ao palco a emoção já tomou conta e eu rapidamente consegui um lugar ao lado do bar - não para consumir, mas porque tinha um ferro que me permitiu ficar da altura do Neo e visualizar todo o palco, coisa rara pra mim na maioria dos eventos. No show de outubro do ano passado em São Paulo, vimos um excelente repertório, mas com a banda desfalcada, pois viajaram para a América Latina apenas Vincent e Danny Cavanagh e Lee Douglas. Ontem estávamos de frente para a banda completa com os três irmãos, John e Lee Douglas, além do batera português Daniel Cardoso. 

Minha cara depois das lágrimas
Pra já colocar a casa abaixo nos primeiros momentos, eles mandaram as dobradinhas que iniciam os últimos dois álbuns: The Lost Song Pt 1 e The Lost Song Pt 2, seguidas de Untouchable Part 1 e Untouchable Part 2, sendo que na terceira eu já estava com lágrimas a me escorrer as faces. Sempre fui muito fã de música, tive a sorte de ir a muitos shows, mas pra me tirar lágrimas, me fazer chorar copiosamente, só mesmo o Anathema.



Na sequência eles mandaram mais lindas composições como Thin Air, Ariel, The Lost Song Pt 3 e Anathema. Pronto, o show estava no auge e agora só faltava ver alguns clássicos como One Last Goodbye e Lost Control. Mas, pra frustração de muitos, inclusive a do Neo, não foi isso que eles fizeram. Os ingleses, quase como o Morrissey havia feito dias antes no Coliseu dos Recreios, tocaram praticamente todo o novo álbum Distant Satellites e deixaram as antigas (e maravilhosas) obras de fora do repertório. Nadinha do Judgement, apenas duas do A Natural Disaster (a própria e Closer) e fecharam com Fragile Dreams, única do excelente Alternative 4 que teve vez. O preenchimento do show ficou com muitas músicas do novo álbum (8 das 10) e mais algumas do anterior Weather Systems, deixando uma sensação de que faltou algo. 

Casa lotada
Eu, particularmente, não cheguei a ficar frustrada porque tive uma visão do palco que raramente eu tenho e isto valeu muito o show, mas de fato acho que eles podiam ter trocado umas três músicas por alguns clássicos, além de ter ficado novamente esperando que eles tocassem Flying, uma das minhas preferidas, a única que faltou no maravilhoso show de São Paulo, 361 dias atrás.

Pensaria em voltar ao Paradise Garage para outros concertos, mas o calor que passei ali dentro me faz desistir da hipótese, pois me manter sem ter um "teto preto" em um ambiente tão claustrofóbico é outra proeza que somente o Anathema me proporciona...

Os repertórios (ou alinhamentos, como se diz cá em Portugal)

São Paulo, 14/10/13

1. Untouchable, Part 1
2. Untouchable, Part 2
3. The Gathering of the Clouds
4. Lightning Song
5. Thin Air
6. Dreaming Light
7. Deep
8. Emotional Winter
9. Wings of God
10. The Beginning and the End
11. A Natural Disaster
12. Closer
13. A Simple Mistake
14. Internal Landscapes
15. Shroud of False
16. Lost Control
17. Destiny
18. Inner Silence
19. One Last Goodbye
20. Parisienne Moonlight
21. Fragile Dreams

Por ábuns:
1Weather Systems (6)
2Alternative 4 (5)
Judgement (5)
4We’re Here Because We’re Here (3)
5A Natural Disaster (2)

Lisboa, 10/10/14

1. The Lost Song, Part 1
2. The Lost Song, Part 2
3. Untouchable, Part 1
4. Untouchable, Part 2
5. Thin Air
6. Ariel
7. The Lost Song, Part 3
8. Anathema
9. The Beginning and the End
10. Universal
11. Closer
12. Firelight
13. Distant Satellites
14. A Natural Disaster
15. Take Shelter
16. Fragile Dreams

Por álbuns:
1Distant Satellites (8)
2Weather Systems (3)
3A Natural Disaster (2)
We’re Here Because We’re Here (2)
5Alternative 4 (1)














sexta-feira, 1 de agosto de 2014

sábado, 8 de março de 2014

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

10 motivos pra trocar o Rio de Janeiro pelo Rio Grande do Sul

Pois é, hoje completam-se 5 anos da nossa chegada ao Rio Grande do Sul! Cinco anos daquele 17 de janeiro calorento que encontramos na capital gaúcha, depois de mais de 27 horas de viagem de ônibus com nossa pequena mudança e muita esperança de uma vida melhor nos confins do Brasil.



Desde então ouvimos inúmeras vezes a pergunta espantada de cariocas e gaúchos: "Mas por que vocês trocaram o Rio de Janeiro pelo Rio Grande do Sul?!!" Resolvi então aproveitar esta ocasião e registrar aqui os 10 motivos que nos levaram a esta troca e que depois de 5 anos continuam sendo extremamente importantes para nós, NECESSARIAMENTE nesta ordem!

1° - Calor excessivo: Sabe quando a gente estuda na escola as quatro estações? As características do verão, outono, inverno e primavera? Então, na prática só fomos descobrir estas diferenças aqui no Rio Grande do Sul, ainda que às vezes sejam todas no mesmo dia, como os gaúchos gostam de dizer. Na capital carioca é verão o ano inteiro, com um dia ou outro de "frio", sendo que 18 graus não pode ser considerado inverno pra quem conhece o frio dos pampas. E eu literalmente não nasci para o calor. Tudo bem que no Rio Grande no verão também se atingem os 40 graus (exceto aqui em São Chico que não passa de 30°), mas pelo menos existe a primavera, o outono e o inverno beirando o zero grau. Isso sim é clima, porque afinal de contas tudo que é demais cansa. E nós cansamos do calor insuportável.

2° - O Sistema: Eu vivi 26 anos da minha vida no Rio de Janeiro, nunca fui rica e dependia de transporte público, algumas vezes da saúde pública e ainda bem que nunca da educação pública. Depender do sistema no Rio é extremamente complicado. Ônibus não param nos pontos, motoristas desrespeitam todo mundo, o sistema de saúde é precário (posto de saúde é um pra cada cinco ou dez bairros, quando muito), a educação então nem se fala; as escolas públicas são depredadas, a qualidade do ensino é terrível, conseguir uma vaga é uma tarefa árdua. Enquanto aqui no Rio Grande do Sul nos primeiros meses já percebemos as diferenças: linhas de ônibus com horários regulares divulgados por telefone e internet e sendo cumpridos, motoristas respeitando passageiros e pedestres, postos de saúde em praticamente todos os bairros (e não é só na capital, mas em várias cidades do interior), o ensino público do estado é um dos melhores do Brasil. Fora a educação de qualquer atendente de qualquer tipo de serviço, que não te trata como um traste, como fazem os "gentis" cariocas do sistema.

3° - Cultura e Tradição: Qual a tradição carioca? Bom, tem o carnaval, as escolas de samba. Já a tradição gaúcha não se restringe a uma época do ano. A Semana Farroupilha é comemorada anualmente em setembro, mas não é preciso estar nela para se ver o gaúcho cultivando suas tradições, sua cultura. Um povo que ama sua terra, a respeita, cuida dela. Viver de cultura aqui é bem menos difícil que no Rio de Janeiro. O RS é o estado mais leitor do país e possui um circuito interno para espetáculos de música, teatro etc. Faz toda a diferença.

4° - Segurança pública: estar perto da polícia no Rio de Janeiro deveria ser sinônimo de segurança, mas é na verdade apavorante. Eu tinha medo da Polícia Militar, muito medo. Presenciei diversas atrocidades cometidas por eles no Rio. Aqui é a Brigada Militar. Não tenho medo deles, nunca vi nenhum brigadiano esculachando o povo, dando tiro pro alto ou em direção a civis. Assaltos violentos, sequestros, crimes hediondos, tiroteio. Há cinco anos eu não sou mais vizinha destas coisas.

5° - Educação do povo: É verdade que algumas ruas de Porto Alegre são um pouco sujas. Mas jogar lixo pela janela do ônibus, do carro ou do trem, é algo que eu não vejo mais. Pessoas se xingando nos cruzamentos, nas calçadas e até nas lojas, também não é comum por aqui. O povo é mais educado, talvez reflexo do terceiro item.

6° - Alimentação: comer bem no Rio de Janeiro é para os mais abastados. Restaurantes bons existem sim, e muitos, mas os preços estão cada vez altos. Fazer boas compras no supermercado para se comer bem em casa também não sai muito barato. O buffet livre não é popular, apenas em churrascarias onde um casal não gasta menos de cem reais. Enquanto isso no Rio Grande do Sul existem inúmeras churrascarias de qualidade, restaurantes com buffet livre a preços populares entre 10 e 20 reais por pessoa com comidas saborosas e variadas. Os pratos são muito mais bem servidos, fora os lanches, o famoso xis gaúcho, sanduíche do tamanho de um prato. E ainda tem o vinho gaúcho, inúmeras vinícolas, nem precisa falar. Alguns itens no supermercado custam até metade do preço do que no Rio. Comer com qualidade aqui não extrapola o orçamento.

7° - Custo de vida: totalmente relacionado ao item anterior, mas não é só a alimentação que é mais cara no Rio, é tudo. Aluguéis (exorbitantes), vestuário, móveis, entretenimento, tudo mesmo. A única coisa mais barata no Rio é a passagem de ônibus, mas como disse no 2° item, pelo menos aqui se paga por um sistema de qualidade. E lá ainda tem que se pagar escola, plano de saúde, plano odontológico, então o custo de vida para um casal com dois filhos é bastante elevado. E ao contrário do que tantos falam de ter mais oportunidades, isso é bem relativo, afinal de contas a concorrência também é muito maior.

8° - Densidade demográfica: O Estado do Rio Grande do Sul tem 10.695.532 habitantes, enquanto que só na capital carioca a população chega a 6.323.037. Um lugar com tanta gente e estruturas precárias em tão pouco espaço geográfico não pode ter uma boa qualidade de vida.

9° - Ativismo político: o gaúcho é altamente politizado. O povo vai mesmo pras ruas protestar, e não foi só no breve despertar do gigante. Antes disso já houve muitos protestos contra o aumento da passagem, pela transparência pública, contra o corte de árvores, dentre tantos outros. Em todos os anos que vivi no Rio não vi metade dos protestos que presenciei aqui.

10° O estado não se resume a Porto Alegre: o Rio Grande do Sul tem quase 500 municípios. Tudo bem, é muito mais do que os 92 do estado do Rio. Todavia, a interligação das cidades no Rio Grande me parecem bem mais fortes que as do Rio. Lá é só a capital que tem força, o interior fica a sua sombra. Aqui há diversas grandes cidades que se desenvolvem sem depender de Porto Alegre, tem suas tradições, suas oportunidades. Como eu disse no terceiro item, existe um circuito interno no estado, e não é só pra cultura. Se não está bom em uma cidade, você pode procurar outra com melhores oportunidades, emprego, clima, cultura, enfim, tem para todos os gostos e não se fica restrito a capital.

É claro que não existe lugar perfeito no mundo. O Rio Grande do Sul tem seus problemas, muitos, assim como todos os estados brasileiros. O Rio de Janeiro tem suas qualidades também e é uma pena que seja tão desrespeitado por seus próprios filhos. Como sempre dizemos, o Rio é lindo para passear, mas para morar não indicamos.

Aí está então a minha resposta a todos que, mesmo depois de 5 anos, ainda nos questionam por que trocamos o Rio de Janeiro pelo Rio Grande do Sul. Esta lista com 10 itens se resume à busca que fazemos constantemente para nossa família: qualidade de vida.