sexta-feira, 6 de maio de 2016

E assim começou a minha sexta-feira...

Estava eu na sala do nosso pequeno espaço em uma garagem perdida de Lisboa, às oito da manhã, e me deparo com uma visita inesperada: um rato! Momentos de tensão para mim e para ele, enquanto as crianças dormiam. Eu, que nunca tive coragem de matar ratos, mato apenas moscas e mosquitos, e olhe lá baratas (aaargh), tinha que expulsar o intruso de alguma forma. Com a vassoura na mão e muita vontade de gritar, travei uma luta, quase que um jogo de esconde-esconde com o bicho que, mais assustado do que eu, se enfiava debaixo dos móveis. 

Depois de longos instantes, consegui finalmente empurrá-lo porta afora com a vassoura e ele despencou das escadas, o que acredito ter causado a sua morte. Ficou ali o corpo inanimado estirado ao chão e eu desatei a chorar pela morte do rato e, sobretudo, pela tormenta de emoções e sentimentos que andam a relampejar dentro de mim. E o pequeno rato ainda me trouxe à mente a recordação de episódios da minha infância, quando vivia em casas que mais se pareciam com chiqueiros (talvez seja um insulto com os porcos chamar algumas casas onde vivi de chiqueiros), e ouvia aterrorizada os gritos dos ratos quando os adultos os matavam. 

Chorei pelo rato, chorei pela menina assustada de 25 anos atrás, chorei pela filha que sonha em conhecer a mãe, chorei pela mãe que sonha em dar uma casa de verdade aos seus filhos, chorei pelos filhos sem um pai presente, chorei pela menina que se transformou mulher, mas que ainda é uma menina, chorei pela mulher que ainda acredita no amor, mas que não pode vivê-lo. 

Um simples rato desencadeou um tsunami dentro de mim. E assim começou a minha sexta-feira...