sábado, 11 de outubro de 2014

361 dias depois

Anathema no palco do Paradise Garage
Quando viemos para Portugal, uma das coisas que muito nos animou no país foi a possibilidade de vermos muito mais shows do que no Brasil. Porém, sequer imaginávamos ver o Anathema tão brevemente. Estávamos mesmo 'por fora' sobre a turnê européia da banda e quando um novo amigo português me falou da vinda deles eu acabei agindo com o coração e adquirindo os ingressos no dia seguinte. E exatos 361 dias depois do show inesquecível de São Paulo, onde saímos extasiados com aquela atmosfera que somente o Anathema consegue nos proporcionar, eis que nos encaminhamos ao Paradise Garage em Lisboa, para os vermos novamente.

Em uma semana em que passamos intensos momentos (bons e ruins), aquela oportunidade seria para fechá-la com chave de ouro. Encontrei o Neo na fila do Paradise, pois fui direto de uma (excelente) reunião e estava deveras empolgada com o momento. Depois de alguns instantes na fila, já passando muito das nove, que era o horário marcado nos ingressos, conseguimos finalmente entrar no local e fomos surpreendidos pelo final do concerto dos Mothers Cake, uma banda que eu não conhecia e que muito me chamou a atenção e me agradou com seu som pesado e o baixo bem trabalhado.

A casa estava praticamente lotada e o calor começou a incomodar um bocado. O sistema de ventilação não dava conta e durante o intervalo esperamos sentados no chão, ansiosos pelo show de uma das melhores viagens sonoras da atualidade. Quando a banda dos irmãos Cavanagh subiu ao palco a emoção já tomou conta e eu rapidamente consegui um lugar ao lado do bar - não para consumir, mas porque tinha um ferro que me permitiu ficar da altura do Neo e visualizar todo o palco, coisa rara pra mim na maioria dos eventos. No show de outubro do ano passado em São Paulo, vimos um excelente repertório, mas com a banda desfalcada, pois viajaram para a América Latina apenas Vincent e Danny Cavanagh e Lee Douglas. Ontem estávamos de frente para a banda completa com os três irmãos, John e Lee Douglas, além do batera português Daniel Cardoso. 

Minha cara depois das lágrimas
Pra já colocar a casa abaixo nos primeiros momentos, eles mandaram as dobradinhas que iniciam os últimos dois álbuns: The Lost Song Pt 1 e The Lost Song Pt 2, seguidas de Untouchable Part 1 e Untouchable Part 2, sendo que na terceira eu já estava com lágrimas a me escorrer as faces. Sempre fui muito fã de música, tive a sorte de ir a muitos shows, mas pra me tirar lágrimas, me fazer chorar copiosamente, só mesmo o Anathema.



Na sequência eles mandaram mais lindas composições como Thin Air, Ariel, The Lost Song Pt 3 e Anathema. Pronto, o show estava no auge e agora só faltava ver alguns clássicos como One Last Goodbye e Lost Control. Mas, pra frustração de muitos, inclusive a do Neo, não foi isso que eles fizeram. Os ingleses, quase como o Morrissey havia feito dias antes no Coliseu dos Recreios, tocaram praticamente todo o novo álbum Distant Satellites e deixaram as antigas (e maravilhosas) obras de fora do repertório. Nadinha do Judgement, apenas duas do A Natural Disaster (a própria e Closer) e fecharam com Fragile Dreams, única do excelente Alternative 4 que teve vez. O preenchimento do show ficou com muitas músicas do novo álbum (8 das 10) e mais algumas do anterior Weather Systems, deixando uma sensação de que faltou algo. 

Casa lotada
Eu, particularmente, não cheguei a ficar frustrada porque tive uma visão do palco que raramente eu tenho e isto valeu muito o show, mas de fato acho que eles podiam ter trocado umas três músicas por alguns clássicos, além de ter ficado novamente esperando que eles tocassem Flying, uma das minhas preferidas, a única que faltou no maravilhoso show de São Paulo, 361 dias atrás.

Pensaria em voltar ao Paradise Garage para outros concertos, mas o calor que passei ali dentro me faz desistir da hipótese, pois me manter sem ter um "teto preto" em um ambiente tão claustrofóbico é outra proeza que somente o Anathema me proporciona...

Os repertórios (ou alinhamentos, como se diz cá em Portugal)

São Paulo, 14/10/13

1. Untouchable, Part 1
2. Untouchable, Part 2
3. The Gathering of the Clouds
4. Lightning Song
5. Thin Air
6. Dreaming Light
7. Deep
8. Emotional Winter
9. Wings of God
10. The Beginning and the End
11. A Natural Disaster
12. Closer
13. A Simple Mistake
14. Internal Landscapes
15. Shroud of False
16. Lost Control
17. Destiny
18. Inner Silence
19. One Last Goodbye
20. Parisienne Moonlight
21. Fragile Dreams

Por ábuns:
1Weather Systems (6)
2Alternative 4 (5)
Judgement (5)
4We’re Here Because We’re Here (3)
5A Natural Disaster (2)

Lisboa, 10/10/14

1. The Lost Song, Part 1
2. The Lost Song, Part 2
3. Untouchable, Part 1
4. Untouchable, Part 2
5. Thin Air
6. Ariel
7. The Lost Song, Part 3
8. Anathema
9. The Beginning and the End
10. Universal
11. Closer
12. Firelight
13. Distant Satellites
14. A Natural Disaster
15. Take Shelter
16. Fragile Dreams

Por álbuns:
1Distant Satellites (8)
2Weather Systems (3)
3A Natural Disaster (2)
We’re Here Because We’re Here (2)
5Alternative 4 (1)