terça-feira, 14 de janeiro de 2020

2 anos de Curitiba: potes de gratidão atrasados, mas encontrados!

Reparei que nos dois últimos anos não escrevi aqui os meus "potes de gratidão" e fiquei pensativa no porquê de não tê-los feito. Rapidamente me dei conta de que não os fiz no final de cada ano, porque estava eu imersa em outros caminhos, em outras buscas que acabaram por me desviar um pouco do meu caminho original. 

Mas como ainda estamos no início do ano, nessa fase ainda de recomeços, não vou deixar de registrar que tanto 2018, quanto 2019, tiveram sim muitos motivos para eu agradecer. E ambos foram anos pessoalmente complexos, 2018 imersa em uma grande confusão e obscuridade, só se clareando mais para o final do ano, e 2019 tendo momentos de muitas realizações contrastantes a quedas bruscas ao fundo do poço. Mas a vida não é isso mesmo, um ir e vir infinito, como diria aquela famosa canção?  

Então, para constar e eu não perder o costume de abrir os meus potes de gratidão, farei esse exercício agora mesmo! Aliás, coincidências à parte, justamente hoje completam-se dois anos que deixamos a Ilha da Magia para trás e viemos para Curitiba, onde batemos o recorde da última década de estarmos morando há dois anos na mesma cidade!

2018, como disse, foi um ano extremamente confuso e difícil para mim. A mudança para Curitiba a princípio parecia a escolha perfeita, tudo nos primeiros meses aqui fluiu muito bem. Mas uma mudança brusca aconteceu em nossas vidas, novos desafios, e o principal deles, que me rondava há algum tempo, começou a se tornar visceral naquele ano: Grazi, você precisa criar raízes! Foi com essa ideia que lutei numa grande obscuridade contra o impulso imediato de voltar para a estrada e de tentar ter uma vida "normal" na segunda capital mais alta do país. Em meio à toda aquela sombra, o pote da gratidão de 2018 seria:
- Ser remunerada em mais de uma oportunidade fazendo aquilo que eu amo (oficineira e parecerista de projetos culturais);
- Aprender a fazer apresentações de rua sozinha e ter retorno financeiro com isso;
- Conhecer pessoas incríveis e participar de coletivos e projetos muito bacanas;
- Assistir a dois shows (Orishas e Pitty) com minha filha e dançar muito com ela;
- Ser ajudada por pessoas que mal conhecia quando caí num buraco negro;
- Ser convocada para uma empresa que habitou meus sonhos por muitos anos;
- O empoderamento de me reerguer do nada e conquistar o meu espaço;
- Rever Mr. Roger Waters 16 anos após o show apoteótico dele no Rio;
- Conhecer a linda Ilha do Mel.

Já em 2019, a onda de boas coisas para agradecer foi enorme, porque do final de 2018, quando comecei a me reerguer, até o meio do ano, foi tudo praticamente como sonhei. Mas claro, como disse no início, o ir e vir é infinito e as coisas desandaram também de uma forma que acabei passando o final de ano imersa numa grande tristeza e, talvez por isso, nem passou pela minha cabeça escrever sobre os motivos de agradecer por aquele ano. Entretanto, também os baixos da vida são importantes para revermos nossos conceitos e realinharmos nossas metas. Por isso meu pote de gratidão de 2019, fica assim: 

- Redescobrir o meu caminho original;
- Realizar o sonho do Dimi de uma festa temática de futebol;
- Realizar o sonho da festa de 15 anos da Layla;
- Realizar pequenas, mas belas viagens e muitos passeios bacanas;
- Conhecer as Cataratas do Iguaçu;
- Experimentar uma vida que habitou meus sonhos também por muito tempo;
- Descobrir, no finalzinho do ano, uma notícia mágica e encantadora, ao mesmo tempo que será um grande desafio!

Enfim, sou grata por, nesses dois anos de Curitiba, ter tido a oportunidade de experienciar várias formas de "vida normal" para ter certeza do que quero fazer, do que sinto realmente como meu propósito de vida e de poder ter todo o ano de 2020 para planejar a realização deste meu propósito. 

Então esse ano começa assim meio lento, ainda me recuperando de algumas grandes decepções, mas ao mesmo tempo com muita certeza do que quero fazer daqui pra frente. E que o pote de gratidão no final deste ano seja uma grande lista de pequenas realizações, porque é nelas que encontramos a felicidade! 



terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Pior que fake news, são as fake people

Algumas pessoas vivem uma vida inteira numa mesma casa, num mesmo bairro, numa mesma cidade.

Eu estou indo para a minha 31° mudança em 39/40 anos de vida. Dessas 31, 8 foram mudanças de cidade, 4 de país, 7 somente nos últimos dois anos.

Por um tempo, especialmente quando era criança, eu gostava muito das mudanças. Encaixotar as coisas todas para reabri-las em um novo ambiente, as descobertas da nova casa, do novo bairro. Depois a busca por sonhos em outras cidades, em outros países. Tantas possibilidades sempre e, a cada mudança, me entregava de corpo e alma para todo aquele novo universo.

Hoje, depois de um final de ano imersa em uma grande tristeza, o que resume o meu estado perante mais essa mudança é cansaço. Um cansaço físico por toda a função de encaixotar, desapegar, desmontar, fazer caber em sacos, caixotes e caixas tudo aquilo que tinha um pouquinho do sonho de que "dessa vez vai dar certo, dessa vez é por um bom tempo".

Mas, acima de tudo, um cansaço emocional por toda a dedicação que eu acabo colocando em tudo, um cansaço das pessoas serem incoerentes, de falarem uma coisa e depois dizerem outra, ou ainda pior, dizerem que nem falaram.

Exaurida ainda mais das fake preocupações, das fake gratidões, dos fake "tamo junto", das pessoas fake. Não vivemos mais num mundo só de fake news, mas num mundo de fake people. E isso cansa. Isso desanima. Isso faz as mudanças ficarem cada vez mais pesadas, cada vez mais sem sentido. Tá difícil.

E não é a política, a economia, o meio ambiente. O que tá difícil é o ser humano.


domingo, 26 de maio de 2019

2 anos e meio lá, 2 anos e meio cá


Hoje, 26 de maio de 2019, completam-se dois anos e meio do nosso retorno ao Brasil. 30 meses daquele pisar em terras firmes, literalmente, daquela sensação de liberdade que nos tomou, daquela euforia de se livrar de um ano de perseguições e perrengues. Os primeiros dias aqui foram de pura paz, de reconhecimento de terreno, de contemplação e gratidão. Gratidão por termos conseguido enfrentar 48 horas em trânsito, praticamente como foragidos, não daqueles que deixam seus países para fugir da fome, da miséria, das guerras, mas daqueles que voltam ao seu país para fugir de uma guerra particularmente cruel, a guerra da vingança cega e desenfreada, que nem a justiça portuguesa foi capaz de cessar, a guerra da desigualdade de gêneros, da criminalização da mulher, a guerra que sempre atinge o elo mais fraco.

A recuperação de uma guerra dessas é lenta e, apesar da euforia inicial da libertação, juntou-se a essa recuperação, a síndrome do regresso, uma readaptação que por si só, já é um grande desafio. Resignificar a vida depois de tantos sonhos deixados para trás, o sonho de viver no exterior, as diferenças gritantes de segurança, educação, cultura. Foram dois anos e meio morando na Europa e, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, alguns aspectos relacionados à qualidade de vida são infinitamente superiores aos do Brasil. Não foram poucas as vezes, nesses dois anos e meio de volta, que pensei seriamente em retornar para a Europa, em tentar recuperar oportunidades que deixei por lá. Mas as feridas abertas por aquela guerra faziam lembrar que nenhuma oportunidade valeria mais que a autonomia de estarmos em nosso país de origem. Dessa forma, fomos aproveitando as oportunidades que se abriam por aqui.

Seguimos a correnteza do rio da vida, que nos levou a diversos caminhos, descortinando paisagens deslumbrantes, apresentando figuras fascinantes e desmascarando situações desconcertantes. Toda uma trilha seguida até, finalmente, podermos começar a colher os frutos que plantamos constantemente, mesmo em meio às tormentas, aquele acreditar inabalável, a gratidão mesmo nos momentos de maior turbulência. Foi dessa gratidão que mais bênçãos foram chegando e hoje estou no ponto exato que sonhava, quando planejava o nosso retorno: estabilizada em uma cidade que, comparada a outras capitais que já vivi no Brasil, pode ser considerada uma das melhores, apesar de tudo. Fazendo um trabalho que eu amo. Uma família reestruturada e saudável, podendo contemplar as pequenas alegrias da vida. Saber que a justiça está sendo feita, ainda que a passos lentos. Estar ao lado de alguém que admiro e amo profundamente, alguém que nos ensina importantes lições, alguém com quem posso compartilhar minha vida sem me anular, alguém que foi fundamental para a nossa cura e com quem a troca é sempre gratificante.

O tempo agora se igualou, dois anos e meio lá e dois anos e meio cá, dois anos e meio de vários sonhos realizados e a certeza de que muitos outros ainda virão. A felicidade não depende mesmo do lugar onde estamos, porque ser feliz, no fim das contas, é só uma questão de decisão.

Foto por Lysie Marion

quinta-feira, 8 de março de 2018

Trezentas

Trezentos destinos, trezentas histórias. Trezentos caminhos, trezentas mulheres. Mães, filhas, irmãs, primas, amigas, esposas. Médicas, advogadas, psicólogas, terapeutas, contadoras, jornalistas, empreendedoras, artistas. Guerreiras, batalhadoras, sofredoras, amadas, amantes, decepcionadas, esperançosas, sonhadoras. Trezentas mulheres que se uniram por uma causa: sororidade. 

Tantas lágrimas, tantos sorrisos, de todas as partes, de todas as idades. Reunidas, elas sentem a força que só as mulheres podem emanar. 

Uma sonhava com uma família. Casou com o primeiro namorado, o primeiro amor, estudaram juntos, trabalharam juntos. Tiveram lindos filhos. Um dia ele deixa a mulher para viver uma nova aventura. A vida que ela construiu ao lado dele desmorona. Não seria tão mal se ela não sofresse o abandono dos filhos, porque ela, como mulher, tem que criá-los, a partir de agora, sozinha. Aceitar uma pequena contribuição financeira por parte dele e a visita a cada quinze dias, quando ele não estiver ocupado com sua nova vida. Ela, a mãe e esposa dedicada por tantos anos, é agora a megera que só quer saber do dinheiro dele. Louca.

Outra era muito famosa, independente e livre. Tinha uma excelente carreira, não queria ter filhos. Apaixonou-se por um colega de trabalho, só queria namorar e ser feliz. Namoraram e foram felizes por um bom tempo. Cada um com a sua vida, independentes, mas compartilhando o que gostavam, jantares, viagens, passeios. Até o dia que ela fez algum comentário que o desagradou e ele lhe deu um soco no rosto. O olho ficou roxo. Não podia ser, tudo sempre tão perfeito. Foi um equívoco, ele pede desculpas e ela aceita. Mas a cena volta a se repetir, cada vez mais frequentemente. Tapas, socos, empurrões. Ela não aguenta mais. Resolve denunciá-lo e deixá-lo. Como assim deixar tão bom partido, apaixonado por ela? Louca.

Uma mais velha tem um casamento tranquilo e uma carreira estável. Mas antes de chegar até ali sofrera nas mãos de uma mãe tóxica, que abusava dela psicologicamente. Ela não valia nada aos olhos da mãe. Era sempre menos inteligente, menos bonita, menos esperta, menos tudo que qualquer outra pessoa. A mãe colocava nela todas as frustrações que teve na vida. Para se livrar de tanta humilhação e sofrimento, a única forma que encontrou foi cortar a mãe de sua vida. Mas mãe é mãe, que exagero, é coisa de mãe, mãe é assim mesmo. Não se deve dar as costas para a própria mãe. Louca.

Outra bem jovem, órfã de pai e mãe, viveu em orfanato e depois foi adotada por uma família muito rica. Davam-lhe de tudo. Era bonita e quando o corpo começou a desenvolver o pai adotivo começou a querer dormir no seu quarto. Ia todas as noites, depois que a esposa dormia, "visitar" a filha. Abusava dela e dizia que se ela contasse a alguém estaria perdida, afinal de contas, era uma pobre órfã e perderia tudo que tinha. Passou cinco anos vivendo assim. Aos dezesseis fugiu de casa e foi viver na rua. Conheceu artistas e aprendeu com eles, tornando-se artista também. Mas trocar o conforto de um lar, tudo o que fizeram por ela pra fazer arte nos sinais? Louca.

Não era a única das trezentas que tinha sofrido abusos. Uma delas sofreu na escola. O professor "convidava" as alunas para sair em troca de boas notas. Ela não queria porque sabia que podia tirar boas notas sem precisar sair com ele. Então ele deu-lhe uma nota baixa, mesmo ela tendo acertado toda a prova. Quando foi questioná-lo, depois da aula, sobre sua nota, o professor trancou a porta e a estuprou. "Não quer por bem, vai por mal", ele disse. Ela tentou denunciá-lo. Foi à diretoria da escola. Como assim? Um professor renomado como ele não faria isso. Vamos transferi-la de escola. Louca.

E a que namorava o colega da faculdade. Eram um casal apaixonado. O pai dele tinha ótimos planos para o futuro do jovem. Ele só queria transar sem camisinha, ela tinha medo de engravidar. "Só uma vez, não vai acontecer" ela a convenceu. E aconteceu. Ela engravidou. E agora? "Calma, tudo vai se resolver." O pai do namorado veio conversar com ela oferecendo dinheiro para o aborto. "Não, não quero abortar!". Mas destruir o futuro de um jovem com uma carreira tão brilhante pela frente? O namorado a chama para passear e a empurra na frente de um ônibus. Um pedestre ajuda a moça, que por sorte, não sofre nada de mais grave. Denunciar uma família poderosa como a dele? Nem a família dela a apoia, afinal ela foi burra e vadia de abrir as pernas assim pro namorado. O jeito é fugir e criar o filho sozinha. Louca.

Outra foi casada por anos e como tinha boas condições financeiras, sempre investiu na carreira do marido. Tinha dois filhos e largou tudo para viver os sonhos dele ao lado dele. Colocou toda a sua força e seu dinheiro naqueles sonhos. Ele aproveitou e usou tudo que podia, levou ela e os filhos pra viver na Europa. Era o sonho dele. Quando o dinheiro dela acabou ele resolveu ir embora. Afinal, ela não podia mais financiar os seus sonhos. Ele era parasita, psicopata, mas ela levou meses para perceber isso. Ele sugou tudo que podia dela e depois deu as costas para os próprios filhos, deixando-os na sarjeta. E ainda infernizou a vida dela: perseguições, agressões físicas e verbais. Não quer mais sustentá-lo, então vai sofrer. Infernizou tanto, que ela teve que fugir com os filhos de volta ao seu país. Fugir da Europa, com duas crianças? Louca.

Trezentas. Trezentas histórias tão únicas e ao mesmo tempo tão similares. Trezentas lutando com um ex-marido, um ex-namorado, um pai, uma mãe, um padastro, um chefe, um colega de trabalho. Trezentas lutando para terem seus direitos respeitados. Trezentas lutando para terem o direito de serem mulheres em um mundo patriarcal. Trezentas lutando contra o mundo, porque para o mundo, elas são loucas. 

Trezentas que salvam a vida de trezentas. A fuga, a doação, a ajuda psicológica, financeira, jurídica, o apoio moral, o simples espaço para ser quem são sem medo de serem taxadas de loucas. Afinal, ali, todas são loucas. Todas são sobreviventes e se identificam umas com as outras. Um grupo de trezentas mulheres, um alicerce. Que salva-vidas. Que muda destinos. Trezentas juntas. Deusas, feiticeiras. Loucas.




sábado, 24 de fevereiro de 2018

100 motivos

Não é de agora que as listas estão na moda. Pipocam nas telas dos computadores, tablets e celulares, matérias com um número no título: 10 filmes franceses imperdíveis, 8 cidades de contos de fada, 50 melhores guitarristas de todos os tempos... Ou ainda as listas de 100, que até livro viraram! 100 filmes para ver antes de morrer, 100 livros para ler antes de morrer, 100 experiências que você tem que ter antes de morrer. Nossa, são tantas 100 coisas a fazer antes de morrer que às vezes me sinto intimida a não morrer sem fazê-las, ou eu teria levado uma vida vazia. 

Prefiro pensar em listas mais leves, mais livres, e que possam me trazer mais satisfação do que uma imposição ao que eu deva ou não deva fazer antes de morrer. Uma vez vi um filme, desses de sessão da tarde, onde a protagonista fazia uma lista de 100 motivos para o seu amor perdoá-la por uma mancada. Inspirei-me de tal forma, que fiz uma lista de 100 motivos para tentar convencer um romance meu da época de que poderíamos ficar juntos. A lista ficou bem legal, ilustrada e tudo, e quando a enviei para o meu affair, ele ficou bastante feliz. Mesmo que a lista não tenha atingido o seu objetivo na época, que era termos uma relação, foi divertidíssimo fazê-la. E continuo gostando muito da ideia de fazer listas descontraídas, sem imposições. Convido você, meu leitor, a fazer o mesmo!

Um exemplo: 100 motivos para agradecer (ou para celebrar). Todo mundo pode fazer uma lista assim, pelo menos uma vez por ano. Porque o mais comum é sempre ouvirmos o que está ruim, o que podia melhorar, o que saiu errado, reclamações, resmungões, chororô. A vida é dura, sim, mas tem inúmeras belezas que passam batidas na mania intrínseca do ser humano moderno de reclamar.  Tudo bem? Tudo indo... Tenho um carro, mas ele podia ser melhor... Tenho uma casa, mas ela podia ser melhor... Tenho uma família, mas ela podia ser melhor... Tenho um emprego, mas ele podia ser melhor... Tenho um corpo, mas ele podia ser melhor... Pára! Pára tudo! Que tal exercitamos mais a gratidão e menos o "podia ser melhor"? Quanto mais a gente agradece, mais o universo traz pra gente... Isso é uma lei básica de atração. Tudo é energia. Emane energia positiva! 

Então, vamos começar uma lista de 100 motivos para agradecer, mais ou menos assim: ter dois filhos lindos e saudáveis, ter saúde para acompanhá-los e fazer o que eu quero, já ter realizado alguns dos meus sonhos. Tá bom, tá bom, essas coisas normalmente todo mundo agradece. Mas dá para incrementar essa lista com pequenas coisas do dia a dia que passam despercebidas e fazem a gente dizer "tudo indo" ao invés de "tudo lindo". 

Pequenas coisas que tem acontecido e que eu paro para agradecer: fazer sol no feriado depois de uma semana de chuva, começar a chover assim que você pôs os pés em casa, receber um convite para jantar com uma amiga querida, descobrir uma promoção no supermercado, justo naquele item que você mais precisava, receber um dinheiro antes do previsto, receber um dinheiro que você nem esperava mais receber, conhecer uma pessoa nova, receber um elogio desinteressado, encontrar uma roupa do seu tamanho, no modelo que você amou, ganhar roupas doadas, perfeitas e lindas, acordar com um monte de beijinhos do filho, descobrir uma nova banda ou uma nova música que você fica cantarolando semanas seguidas, achar um livro interessante no meio das tralhas, conhecer uma praia diferente, fazer uma viagem inesperada, receber uma mensagem do crush, ouvir uma confissão da filha adolescente, achar uma barra do seu chocolate favorito em promoção, encontrar um bom vinho em preço razoável e poder beber umas taças para relaxar, comer peixe no calçadão com vista para o mar, achar coisas em perfeito estado quando você está recomeçando do zero, poder colocar sua música favorita bem alto e dançar feito um louco pela casa, achar dinheiro esquecido no bolso, dividir as roupas com a filha, conhecer pessoas que tem os mesmos ideais que você, seguir sua intuição e ver que ela estava certa, receber uma mensagem bacana naquele momento de solidão, poder tomar um banho quentinho no final de um dia cheio, conversar com um estranho como se fosse da família e sair da conversa mais leve, ter o que comer, mesmo quando o mês sobra no final do salário, descobrir lugares de comida gostosa e barata, ter braços e pernas para ir e vir e fazer o que quiser, poder enxergar, ouvir e sentir, poder falar, nem que seja sozinho, ter uma mãe, um pai, um filho, uma filha, um irmão, uma irmã, um tio, uma tia, um amigo, uma amiga, ou pelo menos uma pessoa no mundo a quem você possa abraçar, poder abraçar a si mesmo. 

Enfim, poderia escrever muito mais do que 100 motivos para celebrar e agradecer todos os dias. Afinal, estarmos vivos já é um belo começo. E você, qual seria sua lista de 100 motivos? 


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Que 2018 venha repleto de luz e amor!

Mais um ano vai chegando ao fim... E o que 2016 teve de pesado e difícil, 2017 teve de leve, de lindo! Foi um ano cheio de amor, de partilha, de aprendizado, de momentos únicos! 

Esses dois últimos meses do ano foram um pouco complicados para mim, particularmente, mas agradeço também a estes momentos de escuridão, porque só com eles é que podemos enxergar a luz. E o balanço de 2017 está muito mais do que positivo!  

Dando prosseguimento a minha tradição pessoal de abrir o "pote da gratidão" no final do ano e agradecer por todos os momentos lindos dos últimos 365 dias, eu faço aqui a minha lista de melhores do ano:

- Conhecer pessoas mais que especiais que marcaram minha vida e que estarão sempre em meu coração;
- Aprender a fazer duas coisas que eu achava que ia morrer sem saber: andar de bicicleta e nadar;
- Realizar o projeto que idealizei em 2015, o Kids on the Road;
- Descobrir a Astrologia Sideral, que tem se tornado uma nova luz no meu caminho;
- Conhecer lugares mágicos e desfrutar de momentos ímpares em meio a natureza;
- Compartilhar o sonho da minha filha de ver o Bon Jovi ao vivo;
- Participar de um momento especial na vida de uma grande amiga;
- Assistir ao Midnight Oil, banda que eu nunca imaginei ver ao vivo;
- Descobrir novas músicas e artistas que fazem parte da minha trilha sonora diária;
- Tornar-me artista de rua;
- Poder experimentar vários caminhos para saber qual deles quero seguir;
- Fortalecer a minha relação com meus filhos e ter a companhia e o sorriso deles sempre comigo!

Termino esse ano com muita paz no coração, sabendo que o universo está se encarregando de tudo para o próximo ano e só posso desejar que 2018 venha repleto de luz e amor para todos nós!

Até já!







quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Believe in who you are

A frase é de uma propaganda de cigarros, mas me fez refletir. Acreditar em quem eu sou. Como podemos acreditar em nós mesmos sem sofrer influências exteriores? Sem levar em conta tudo o que acham que devemos ser? Você é jovem/velho demais para isso. Você tem filhos, não pode agir assim. Você não tem filhos, não sabe como é. Você se criou na cidade, é urbano. Você gosta do mato, é um hippie. Você não se apega, não tem sentimentos. Você se apega demais, vai sofrer à toa. Você é de tal signo, por isso é assim. 

Será possível sermos nós mesmos sem sermos bombardeados de pré-conceitos? Talvez não, mas creio que podemos e devemos ser nós mesmos, independente desses pré-juízos que ouvimos dos outros e de nós mesmos. Muitas vezes, talvez por toda essa tagarelice da sociedade, a gente fica meio perdido e não sabe bem quem a gente é de verdade. Seguimos uma profissão que nem gostamos tanto porque, em teoria, dá mais retorno financeiro, ou porque nossos pais sempre sonharam com ela. Acreditamos que agimos de determinada forma porque sofremos influência do nosso signo solar, ou do nosso ascendente, ou da nossa lua, ou da casa 4 em mercúrio retrógrado. Whatever. Nos conformamos com isso. Ah, Gêmeos é assim mesmo, fazer o quê? Nos mantemos em relacionamentos com pessoas que não nos fazem bem, seja um companheiro(a), um parente, até mesmo pai e/ou mãe, porque "devemos" algo a eles, porque seria feio ou injusto cortarmos os laços com tais pessoas. 

Como acreditar em quem nós somos se não sabemos quem somos? Então, como saber quem somos? Acredito que só há um caminho para essa descoberta - o caminho do coração. Podíamos ouvir mais o nosso coração e menos a nossa mente, acanhoneada full time por discriminações intrínsecas da nossa criação. E esse caminho do coração pode mudar constantemente, afinal de contas nós nascemos todos os dias ao acordar e morremos todas as noites ao dormir. Então, o que eu sou hoje, pode não ser o que eu serei amanhã, mas pode ser a única hipótese de acreditar em quem eu sou; o agora, o instante. Como diria a minha favorita, Clarice Linspector, meu tema é o instante, meu tema de vida. Divido-me milhares de vezes, em tantas vezes quanto os instantes decorrem. Só no tempo há espaço para mim. E acredito em quem eu sou: essa colcha de retalhos dos fragmentos do tempo, as lembranças, os instantes vividos um a um intensamente, com todas as alegrias, tristezas, emoções e confusões que cabem em um único momento, um caleidoscópio vivo e infinito. E você, acredita em quem você é?


sábado, 19 de agosto de 2017

Me chamem louca...

Me chamem louca porque sou uma metamorfose ambulante. Porque não me acostumo a viver uma vida que não me faça feliz. Porque não acredito que a felicidade seja um acúmulo de bens, posses ou coisas, pelo contrário, a felicidade pode ser o desapego de tudo e o caminhar livre, aceitando o que o universo nos traz.

Me chamem louca porque eu sou desapego. Não me apego a bens materiais, a nada que eu possa ter ou tocar, me apego ao que eu possa ser. Meu apego é de sentimentos, de compartilhar. Nunca tive muito e tudo que tive sempre compartilhei, dei, doei, deixei pra trás. Não me atenho a pequenas coisas, a mesquinharia não faz parte do meu vocabulário. Por isso a abundância está sempre presente. Abundância de histórias, de experiências, de sorrisos, de abraços, de amor. 

Me chamem louca porque eu tenho oportunidade de reconstruir e não reconstruo. Reconstruir o que? Não quero muralhas, fortes, casas cercadas, seguras e confortáveis, abarrotadas de corações vazios. Prefiro os castelos de areia. Enquanto os construo me divirto, junto daqueles que mais amo, os meus filhos. Construímos juntos castelos com a nossa cara, castelos divertidos, cheios de cor e amor. E quando eles desmoronam, a gente ri junto e parte para o próximo. Assim ensino a eles que o futuro é relativo. Que é legal a gente pensar nele, fazer alguns planos e caminhar em direção a eles, mas sem esquecer nunca que a qualquer momento vem um vento qualquer que derruba tudo, então o importante mesmo é aproveitar enquanto fazemos os castelos de areia e deixar o resto para o universo resolver. E ele sempre resolve, sempre nos traz o que a gente precisa, na hora que a gente precisa.

Me chamem louca por eu dizer uma coisa e depois dizer outra. Não é que eu não tenha palavra. Quando eu digo, eu digo com toda a sinceridade, eu coloco o meu coração nas palavras. Mas meu coração é mutável. E eu sou uma pessoa muito fiel, fiel ao meu coração. Se eu depois disser outra coisa, não é loucura, é sentimento. E sentimentos geram expectativas. E o que são as expectativas se não a nossa projeção em algo ou alguém? 

Me chamem louca então por eu não ter expectativa alguma, por viver livre e ter a capacidade de mudar absolutamente tudo se algo me faz mal. Por eu não ter expectativa alguma, apesar de gerar expectativas nos outros. Eu sinto muito se eu gerei alguma expectativa não cumprida. E me chamem louca se ser fiel a si mesmo é loucura.

Me chamem louca se eu não acredito no que a maioria diz. Se a minha mente me prega armadilhas e eu de vez em quando pareça uma pessoa "normal". E quando todos achem que eu finalmente virei uma pessoa normal, eu faça tudo ao contrário e pareça louca. Não é para ser do contra. Não é egoísmo. Não é traição. Muito menos ingratidão. É apenas seguir o meu coração. E se seguir o coração em um mundo tão cheio de "razão" é loucura, me chamem louca então...




quarta-feira, 26 de julho de 2017

Quando tudo dá errado para que tudo dê certo...

A vida é feita de ordem e caos. A cada caos, a ordem que se segue supera a anterior e saímos fortalecidos de mais um ciclo. Às vezes o caos pode fazer parecer que tudo deu errado. Entretanto, muitas vezes o "dar errado" é só uma forma do universo nos colocar no nosso caminho novamente e fazer tudo "dar certo". 

Quando voltei para o Brasil, acreditei que tinha encontrado o lugar perfeito para viver com meus filhos. Foi perfeito, enquanto durou. Mas o caos veio à tona para me lembrar da maior lição que eu aprendi no último ano: me doar sem me anular. Talvez eu seja ingênua, talvez só alimentada pela esperança e a beleza de encontrar pessoas que vivam suas vidas e deixem que os outros vivam as deles. Quando os ciclos se repetem, normalmente é para que aprendamos alguma coisa. Será que eu teria que aprender a confiar menos, a me entregar menos e ser menos eu? Não, não quero aprender essa "lição". O que aprendo é que, apesar de tudo, eu vou continuar espalhando amor, vou continuar sendo transparente e vou sempre ser eu mesma, ainda que não sendo a mesma para sempre. E se os ciclos se repetem, de pessoas que me julgam, me apontam o dedo, me dizem uma coisa pessoalmente, mas nas costas pensam e falam outra, de pessoas que tem um lindo discurso para a sociedade, mas na prática agem e vivem contraditoriamente, que se repitam, eu apenas levo a paz e a certeza de que coloco todo o meu amor em tudo que faço. 

Quando vem o caos, temos que colocar nossa criatividade em prática e procurar soluções para estabelecer a ordem novamente. Um dos primeiros lugares que pensei, ao voltar para o Brasil, foi São Francisco de Paula, a cidade que morei antes de ir para a Europa. Porém, tinha muitas dúvidas e muita incerteza de como recomeçar a vida por lá. Mas uma coisa linda em ser nômade, é que posso espalhar amor em muitos lugares e esse amor acaba por voltar pra mim, porque tenho a sorte e a alegria de encontrar pessoas mágicas e incríveis por todo o meu caminho. Foi com a energia dessas pessoas que, em menos de duas semanas na cidade, eu consegui encaminhar nossa nova vida e restabelecer a nossa paz, minha e das crianças, que estão muito felizes em voltar para uma das cidades brasileiras mais lindas que conhecemos.  

E esse se torna, pra mim, o grande propósito da vida: simplesmente amar, sem esperar nada em troca e sabendo que muitas pessoas ainda não estão preparadas para o amor. Porque amar livremente ainda é considerado loucura. Mas louco é quem me diz, e não é feliz...


sábado, 8 de julho de 2017