sábado, 19 de agosto de 2017

Me chamem louca...

Me chamem louca porque sou uma metamorfose ambulante. Porque não me acostumo a viver uma vida que não me faça feliz. Porque não acredito que a felicidade seja um acúmulo de bens, posses ou coisas, pelo contrário, a felicidade pode ser o desapego de tudo e o caminhar livre, aceitando o que o universo nos traz.

Me chamem louca porque eu sou desapego. Não me apego a bens materiais, a nada que eu possa ter ou tocar, me apego ao que eu possa ser. Meu apego é de sentimentos, de compartilhar. Nunca tive muito e tudo que tive sempre compartilhei, dei, doei, deixei pra trás. Não me atenho a pequenas coisas, a mesquinharia não faz parte do meu vocabulário. Por isso a abundância está sempre presente. Abundância de histórias, de experiências, de sorrisos, de abraços, de amor. 

Me chamem louca porque eu tenho oportunidade de reconstruir e não reconstruo. Reconstruir o que? Não quero muralhas, fortes, casas cercadas, seguras e confortáveis, abarrotadas de corações vazios. Prefiro os castelos de areia. Enquanto os construo me divirto, junto daqueles que mais amo, os meus filhos. Construímos juntos castelos com a nossa cara, castelos divertidos, cheios de cor e amor. E quando eles desmoronam, a gente ri junto e parte para o próximo. Assim ensino a eles que o futuro é relativo. Que é legal a gente pensar nele, fazer alguns planos e caminhar em direção a eles, mas sem esquecer nunca que a qualquer momento vem um vento qualquer que derruba tudo, então o importante mesmo é aproveitar enquanto fazemos os castelos de areia e deixar o resto para o universo resolver. E ele sempre resolve, sempre nos traz o que a gente precisa, na hora que a gente precisa.

Me chamem louca por eu dizer uma coisa e depois dizer outra. Não é que eu não tenha palavra. Quando eu digo, eu digo com toda a sinceridade, eu coloco o meu coração nas palavras. Mas meu coração é mutável. E eu sou uma pessoa muito fiel, fiel ao meu coração. Se eu depois disser outra coisa, não é loucura, é sentimento. E sentimentos geram expectativas. E o que são as expectativas se não a nossa projeção em algo ou alguém? 

Me chamem louca então por eu não ter expectativa alguma, por viver livre e ter a capacidade de mudar absolutamente tudo se algo me faz mal. Por eu não ter expectativa alguma, apesar de gerar expectativas nos outros. Eu sinto muito se eu gerei alguma expectativa não cumprida. E me chamem louca se ser fiel a si mesmo é loucura.

Me chamem louca se eu não acredito no que a maioria diz. Se a minha mente me prega armadilhas e eu de vez em quando pareça uma pessoa "normal". E quando todos achem que eu finalmente virei uma pessoa normal, eu faça tudo ao contrário e pareça louca. Não é para ser do contra. Não é egoísmo. Não é traição. Muito menos ingratidão. É apenas seguir o meu coração. E se seguir o coração em um mundo tão cheio de "razão" é loucura, me chamem louca então...




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