A frase é de uma propaganda de cigarros, mas me fez refletir. Acreditar em quem eu sou. Como podemos acreditar em nós mesmos sem sofrer influências exteriores? Sem levar em conta tudo o que acham que devemos ser? Você é jovem/velho demais para isso. Você tem filhos, não pode agir assim. Você não tem filhos, não sabe como é. Você se criou na cidade, é urbano. Você gosta do mato, é um hippie. Você não se apega, não tem sentimentos. Você se apega demais, vai sofrer à toa. Você é de tal signo, por isso é assim.
Será possível sermos nós mesmos sem sermos bombardeados de pré-conceitos? Talvez não, mas creio que podemos e devemos ser nós mesmos, independente desses pré-juízos que ouvimos dos outros e de nós mesmos. Muitas vezes, talvez por toda essa tagarelice da sociedade, a gente fica meio perdido e não sabe bem quem a gente é de verdade. Seguimos uma profissão que nem gostamos tanto porque, em teoria, dá mais retorno financeiro, ou porque nossos pais sempre sonharam com ela. Acreditamos que agimos de determinada forma porque sofremos influência do nosso signo solar, ou do nosso ascendente, ou da nossa lua, ou da casa 4 em mercúrio retrógrado. Whatever. Nos conformamos com isso. Ah, Gêmeos é assim mesmo, fazer o quê? Nos mantemos em relacionamentos com pessoas que não nos fazem bem, seja um companheiro(a), um parente, até mesmo pai e/ou mãe, porque "devemos" algo a eles, porque seria feio ou injusto cortarmos os laços com tais pessoas.
Como acreditar em quem nós somos se não sabemos quem somos? Então, como saber quem somos? Acredito que só há um caminho para essa descoberta - o caminho do coração. Podíamos ouvir mais o nosso coração e menos a nossa mente, acanhoneada full time por discriminações intrínsecas da nossa criação. E esse caminho do coração pode mudar constantemente, afinal de contas nós nascemos todos os dias ao acordar e morremos todas as noites ao dormir. Então, o que eu sou hoje, pode não ser o que eu serei amanhã, mas pode ser a única hipótese de acreditar em quem eu sou; o agora, o instante. Como diria a minha favorita, Clarice Linspector, meu tema é o instante, meu tema de vida. Divido-me milhares de vezes, em tantas vezes quanto os instantes decorrem. Só no tempo há espaço para mim. E acredito em quem eu sou: essa colcha de retalhos dos fragmentos do tempo, as lembranças, os instantes vividos um a um intensamente, com todas as alegrias, tristezas, emoções e confusões que cabem em um único momento, um caleidoscópio vivo e infinito. E você, acredita em quem você é?
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