terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Pior que fake news, são as fake people

Algumas pessoas vivem uma vida inteira numa mesma casa, num mesmo bairro, numa mesma cidade.

Eu estou indo para a minha 31° mudança em 39/40 anos de vida. Dessas 31, 8 foram mudanças de cidade, 4 de país, 7 somente nos últimos dois anos.

Por um tempo, especialmente quando era criança, eu gostava muito das mudanças. Encaixotar as coisas todas para reabri-las em um novo ambiente, as descobertas da nova casa, do novo bairro. Depois a busca por sonhos em outras cidades, em outros países. Tantas possibilidades sempre e, a cada mudança, me entregava de corpo e alma para todo aquele novo universo.

Hoje, depois de um final de ano imersa em uma grande tristeza, o que resume o meu estado perante mais essa mudança é cansaço. Um cansaço físico por toda a função de encaixotar, desapegar, desmontar, fazer caber em sacos, caixotes e caixas tudo aquilo que tinha um pouquinho do sonho de que "dessa vez vai dar certo, dessa vez é por um bom tempo".

Mas, acima de tudo, um cansaço emocional por toda a dedicação que eu acabo colocando em tudo, um cansaço das pessoas serem incoerentes, de falarem uma coisa e depois dizerem outra, ou ainda pior, dizerem que nem falaram.

Exaurida ainda mais das fake preocupações, das fake gratidões, dos fake "tamo junto", das pessoas fake. Não vivemos mais num mundo só de fake news, mas num mundo de fake people. E isso cansa. Isso desanima. Isso faz as mudanças ficarem cada vez mais pesadas, cada vez mais sem sentido. Tá difícil.

E não é a política, a economia, o meio ambiente. O que tá difícil é o ser humano.


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