quarta-feira, 22 de junho de 2016

Porque a vida é feita de momentos...

As pessoas normalmente "contam" as suas vidas em semanas, meses e anos... Eu prefiro ser como as borboletas, que contam momentos, e tem tempo suficiente. Sim, para mim são mais importantes os momentos, e em poucos dias é possível termos tantos momentos incríveis, que valem às vezes por vários meses... Foi assim o meu último fim de semana, a minha "escapadinha" para a França, uma viagem vapt-vupt de cinco dias para cobrir o Hellfest Open Air e visitar amigos.



Nesses cinco dias, vivi momentos intensos, divertidos, emocionantes. Em primeiro lugar, tirar um tempo única e exclusivamente para mim, depois de praticamente 11 anos sem fazer isso, momentos onde eu podia fazer o que eu quisesse, do jeito que eu quisesse, sem me preocupar em agradar ninguém, só a mim mesma, só isso já valeu a viagem. Mas uma viagem como essa, em um ambiente como o Hellfest, a celebração francesa do rock, reserva ainda muitas surpresas. 

Bulgária, Brasil e França na mesma foto
Meu plano inicial era dormir no aeroporto de Nantes e na sexta bem cedo tentar o auto-stop (carona, ou boléia) para Clisson. Entretanto, a primeira surpresa já chega antes mesmo de eu aterrisar em Nantes: o vizinho de uma amiga que tenho na cidade, estava também indo para o festival e se prontificou a me levar e me trazer de volta. Show, um trecho a menos para me preocupar (se bem que auto-stop na França não chega a ser um motivo de preocupação, pois é algo mesmo fácil). A dormida no aeroporto se manteve, coisa que acabei me acostumando a fazer no último ano. Só que dessa vez tive companhia, para ajudar a passar o tempo mais rápido: logo na chegada, um dos headbangers das dezenas que iam desembarcando na cidade, puxa conversa comigo e pronto, tenho um amigo agora também na Bulgária. Isso mesmo, na Bulgária. O cara enfrentou 4 horas de voo de Sophia até Paris, depois mais uma hora até Nantes. Tudo pelo heavy metal. Ele ia encontrar ainda mais dois amigos búlgaros, um que vive em Toulouse e outro que vive em Londres. Mais tarde fui conhecer seus amigos e nas nossas conversas descobri que eles amam Sepultura, búlgaros que sabiam mais da banda brasileira mais famosa do mundo do que eu mesma. Garantia de momentos muito divertidos, os búlgaros são tão animados e espontâneos quanto os brasileiros. E claro, aprendi pelo menos uma palavra no idioma deles: Ieban’eeee. A tradução? Um palavrão, of course! It's something like "Fuck yoooou!". O melhor de festivais como o Hellfest é a troca cultural, essa miscelânea, uma confraternização de todas as línguas e origens em torno de um único objetivo: a música!

Visitando Clisson
Vamos lá enfrentar os medos: uma volta na roda-gigante, um pouquinho tonta mas ok, a vista vale mesmo a pena! Curti shows que eu nem imaginava que ia curtir tanto ao vivo, como Overkill (meu pescoço ficou doendo até o domingo, de tanto que bati cabeça) e depois o Napalm Death (que show!). E foi na hora do Napalm Death, quando eu tinha "me perdido" dos meus amigos búlgaros e estava lá sozinha curtindo muito o peso da banda, que alguém chega e me pergunta "és brasileira?" Putz, me entrego assim tão facilmente? Quem descobriu o meu "segredo" sem trocar uma palavra comigo, foi um cara de Luxemburgo, com pai alemão e mãe africana, que tem o português como lingua materna. Oba! Posso falar português no Hellfest. Ok, meu inglês ainda não tá lá essas coisas, mas já evoluiu muito do ano passado pra cá. No Hellfest do último ano eu mal consegui me credenciar e dessa vez pude conversar com búlgaros e franceses. Contudo, é sempre bom poder falar na nossa língua, especialmente depois de alguns copos de vinho (e que vinho gostoso o rosé do Hellfest, diga-se de passagem...). E a outra surpresa boa, do amigo luxemburguês, é que ele é baterista de uma banda, a Soleil Noir, um estilo de música que gosto bastante. Mais um oba!, descobri uma nova banda, coisa que gosto pouco né... Um passeio pela bela Clisson na manhã de domingo, mais ótimos instantes...

Tarja, super simpática
No sábado, um momento emocionante, a tradicional queima de fogos de artifício, dessa vez com uma homenagem ao eterno Lemmy Kilmister e eu pensando comigo mesma em como um ano pode ser transformador, em como a minha vida mudou desde a queima de fogos do Hellfest 2015. O festival vai terminando (três dias passam tão rápido!), mais alguns acontecimentos, como participar da coletiva de imprensa da Trarja Turunem e tirar uma foto dela de pertinho pra mostrar pra minha filha, fã número um dela (eu tentei o autógrafo também, mas não deu) e ainda conferir pela segunda vez, eu que achava que nunca mais ia ver o Black Sabbath. Mesmo muito longe do palco, com o som distante e todo mundo dizendo que o Ozzy não canta mais nada, foi bom demais rever os caras. Ok, não foi nem de perto como o show que vi deles em Porto Alegre, mas deu pra pular e bater cabeça o suficiente, especialmente na minha favorita, Children of the Grave. Hora de desmontar a tenda e voltar de carona com o vizinho da minha amiga e os amigos dele, uma turma simpática e divertida de franceses, mas conseguir conversar aquela altura foi difícil, foi uma volta mais como batendo a cabeça, só que de sono... 

Tomar um banho, dormir numa cama, almoçar conversando com uma amiga querida que fiz no ano passado, nesta mesma época de Hellfest, foi outro momento ímpar. Bom demais poder compartilhar estes instantes, mesmo eles sendo tão rápidos. Foi uma visitinha de médico, pois tinha combinado também de rever um amigo na região de Carnac, revisitar um dos lugares que mais me encantam no mundo (pelo menos da parte do mundo que eu já conheço), que é a Bretanha. Depois do almoço vou eu então, debaixo de chuva, aliás, cadê o sol forte e quente do ano passado, hein? Não, eu passei três dias de shorts num clima que pedia calças, mas tudo bem, faz parte :). E em menos de dois minutos, consigo minha carona para Auray (eu adoro andar de carona na França!) e apesar do simpático motorista francês não falar uma palavra de inglês, ele me faz um grande favor: coloca um disco do Radiohead para embalar a viagem. Uau, perfeito!

Ir a praia sem molhar os pés não rola...
Chego a Auray ainda debaixo de chuva, meu amigo me busca e vamos para Ploemel. Rever aquelas cidadezinhas tão encantadoras com suas casas de pedra foi emocionante, mesmo com o clima não colaborando muito. Uma tarde de muita conversa, emoções, trocas musicais (ele me apresentou mais um par de boas cantoras, como fez no ano passado), um evento sobre os Megalitos e uma longa noite de sono para me recuperar da maratona. No dia seguinte, depois de um suco super powerful, vamos fazer um passeio mágico: conhecer a península de Quiberon, um lugar que simplesmente me transportou para outra dimensão. Lindas paisagens, com as ondas beijando as rochas, as falésias imponentes e um tanto assustadoras. Um "mergulho" dos pés na água gelada, revigorante e energizante. Aqueles momentos das borboletas, impagáveis!

Hora de voltar pra casa, um almoço rápido e saudável de despedida com meu querido amigo, e mais um trecho fácil e seguro de carona de volta a Nantes em nada menos que um Jaguar, atingindo 160 quilômetros por hora. Ok, com emoção ou sem emoção? Vamos com emoção e outro simpático motorista francês, que virá passar as férias de verão no norte de Portugal. Quando o avião começa a sobrevoar Lisboa, o sol brilhando novamente - oi Sol, bom te ver depois de 5 dias! - a emoção de retornar para "casa" toma conta de mim. Um lugar que tenho aprendido a gostar muito, que é a minha casa, pelo menos por enquanto, mas que sempre verei com olhos de turista apaixonada, Lisboa sua linda!

No final, o melhor de tudo isso foi saber que meus filhos passaram também ótimos momentos, que foram a festas, piscina e praia, tiveram um fim de semana em grande! E dar a eles o presentinho que lhes comprei, camiseta e casaco do AC/DC, ver eles se empolgarem tanto e também receberem os presentes dos amigos que lhes mandaram lembranças com tanto carinho. Foi o fechar com chave de ouro de uma viagem que, com toda a certeza, foi mais um dos grandes momentos da minha vida de borboleta...


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